7.10.08

Pipocas

Aconteceu uma coisa curiosa. Passo todos os dias - quer dizer, nem todos - pela praça Dom Feliciano, sabe, ali pertinho da Santa Casa, em frente a uma loja de produtos para diabéticos. Aquela lojinha é muito boa, mas não quero falar da lojinha não.

Sabe pipoca gostosa? Daquelas de encher as mãos e doer as unhas roídas por causa do sal? Então. Tem uma carrocinha de pipocas ali. O senhor é pouco simpático, aceita vale-transporte e a sua mãe parcelada, mas a pipoca... Como adoro pipoca, comi outra vez a de um cara da Salgado Filho. E descobri que a pipoca dele tem o mesmo sabor de infância da pipoca do tiozinho que eu conheço. Entretanto, o tiozinho vende três vezes mais o que o cara humilda da Salgado vende.

O Tiozinho, pasmem, conta com um aliado. Se venta no centro, ele vende mais. Pode ter certeza disso. Meu amigo pouco simpático fica na frente do vento encanado, aquele que enche as nossas avós de medo. Se venta no centro de Porto Alegre, o tiozinho vende mais pipocas. Acho que é o pipoqueiro mais rico e feliz que eu conheço. Do seu modo, claro.

Acho que cada um é feliz do seu modo. Eu posso ser feliz até estressada, por que eu me reconheço naquele estresse, ele faz parte da minha vida, e sem ele, ficaria ainda mais estressada. Tenho minhas manias. Detesto caminhar no centro. Sigo atropelando as vozinhas e desviando dos desavisados e calmos. Eu tenho uma pressa que carrego comigo, assim como o tiozinho carrega uma felicidade quase que infantil. Eu não sei se me conheceria sem a minha pressa e as minhas manias cotidianas. Se ela, eu seria quase uma Sandy, um doce de candura. Eu não mandaria o fulano da frente "se fuder" se eu não tivesse meu estresse corriqueiro.

Não seria eu se não desviasse das pessoas, se não dissesse "Puta que pariu, imagina essa véia no trânsito!", se não me indignasse com o lixo que anda aquilo lá. Acima de tudo, eu gostava de andar no centro aos sábados. Ia de pet em pet acarinhar os bichinhos que nunca foram vendidos, ou que foram, ou que já estão nas ruas de novo. Hoje, nem cogito passar por lá nos finais de semana. O centro ainda tem muito o que melhorar, a começar pelo trânsito. Quem tem que passar pelo centro pra ir pra casa/escola/faculdade sabe o inferno de passar pela esquina democrática em plenas 19h.

Me desviei do assunto, queria falar do dia da criança e deu no que deu. Filmes mais legais da minha infância:

1. Labirinto - A Magia do Tempo. Joga no Google e repara na Jennifer Connely virgem e no David Bowie de mullets. A trilha é boa e o filme tem cara de "Neverending Story". Detalhe: poço do fedor eterno. Só o nome já me faz rir.

2. Os Muppets conquistam Nova Iorque. Escrevi abrasileirado mesmo. A historinha é uma graça e o filme tem Caco e cia virando Manhattan de cabeça pra baixo.

3. História sem Fim II. Sei lá, acho o II mais legal. O primeiro tem aquela cena triste do cavalo. Tá, coloca os dois na lista então. Esse filme é todo brilhoso, todo prata.

4. Quero ser Grande. Ah, pára, um dos filmes mais legais que eu já vi. Tentaram refilmar com a Jennifer Garner nos anos 2000 e quase deu merda. O destaque do último é quanto a trilha sonora, muito boa. Garner até tinha umas tiradinhas engraçadas, mas pô, nada se compara ao guri Tom Hanks.

5. Cheque em Branco. Clássico da Sessão da Tarde. Tinha um alemão sardentinho que roubava um cheque em branco de um ladrão de verdade. Ele preenche o cheque com um milhão de dólares e compra várias coisas que, jura, né. Destaque para o "Macintosh" da época. Filminho bem bom.

Plus: Patricinhas de Beverly Hills. Amava a cena do roupeiro, e muito repeti o que a Alicia Silverstone dizia em cena. A fala do Monet é clássica. Sem esquecer da trilha sonora, do moreninho de olhos azuis que era meio-irmão dela... Ah, o velho Paul Rudd.

Plus2: Curtindo a Vida Adoidado. O Inspetor Bugiganga antes de se juntar com a Carrie. E a mocinha do Dirty Dancing antes da cirurgia no nariz. A irmã do Ferris é a Baby do Dirty Dancing, man. Não esqueci de Mulher Nota Mil também, nem de Pretty Woman. Julia Roberts de vagabunda é luxo.

Por que eles não fazem uma sessão da tarde para os oitentistas? Seria tão melhor... O que essas crianças vão ver, pokémon? High School Musical ou, pior, Rebelde? Talvez assistam Barbie e o Quebra-Nozes... Lixo!

Tá, acabei.